"A velhice é um massacre"

A velhice, tema presente em várias obras do Phillip Roth, escancara um medo quase obsessivo do dito autor de morrer (leia entrevista na Folha do último sábado). Ele reflete (ou exorciza) sobre esse medo com a acuidade que caracteriza sua escrita (na entrevista citada: "a velhice é um massacre"). Mesma acuidade que resulta em criações que essencialmente dissecam a experiência de ser humano (e sofrer com todas as imperfeições que tal condição impõe) enquanto desenvolve uma trama qualquer, absolutamente coadjuvante.

Entendo a velhice como uma equação difícil de fazer quando se tem 30, mas é um tema recorrente nos meus pensamentos. Não pelo medo de morrer - é definitivo, pelo menos -, mas porque, na medida em que envelhecemos (ou amadurecemos, não necessariamente nessa ordem), a sensação de começo e fim de fases e etapas se torna evidente demais para ser ignorada - muitas vezes não porque você não queira, mas simplesmente porque o tempo já passou. E não poder mais fazer certas coisas (mesmo porque você não quer mais) me soa a menos liberdade. Detesto a sensação de perder a liberdade, mesmo quando ela se refere a coisas que eu não faria. Não sei, gosto de pensar que as opções estão ali. Talvez seja a minha versão de síndrome de Peter Pan.

Saindo da letargia...

Sou muito preguiçosa. Muito mesmo. O que me salva é que sou, também, muito disciplinada. Então algumas coisas faço por disciplina, obrigação (ok, jeito estranho de viver...).

Anyway, nem a minha disciplina romana me salvou da letargia que que entrei nas últimas semanas. Zero de atividades do lar. Zero de saco para exercitar (de um ritmo quase diário, virei 1x por semana arrastada). Zero de disposição para socializar.

Agora, depois de mais de um mês, começo a voltar a ser eu... bem aos pouquinhos... voltei a cozinhar minha quinoazinha, a ter vontade de ver outras pessoais além do Luciano e do Julio...

É estranho. Não me deprimo nem fico chateada. É apenas uma falta de energia gigante, quase física.

Sei lá, deve ser uma compensação para o fato de que, na maior parte do tempo, estou sempre fazendo três coisas ao mesmo tempo. Queria apenas chegar a um meio termo...

Depois de um longo recesso...

... recheado de situações "festaestranhacomgenteesquisita", um pequeno resumo:
- 3 semanas no Brasil
- Toneladas de trabalho
- 3 livros novos (em português)
- Leitura de um livro (The Cement Garden) do Ian McEwan (bizarro, assustador)