Wednesday, December 10, 2008

2008 in retrospect - books & SF

LISTA DE LIVROS
* A menina má
* An open heart
* An Unquiet Mind
* Carol
* Charlotte Simmons
* Desonrada
* Em busca da América
* Ensaios de Amor
* Europa - Reportagens apaixonadas
* Extremamente alto & incrivelmente perto
* Leaving a Doll`s House
* Little Children
* Muito longe de casa
* Na ausência dos homens
* O Animal Agonizante
* O inverno da nossa desesperança
* O livro das feras
* On Chesil Beach
* Pastoral Americana
* The Art of Simplicity
* The Cement Garden
* The Long Tail
* The Married Man
* The Memory Keeper's Daughter
* The Terror Dream
* When she was good

JANUARY
2008 begins with great expectations.
In San Francisco.




Da minha falta de um hobby que preste...

Afinal, leitura não é hobby. Impressão minha ou esse Dirty Sexy Money é tipo assim um Dallas contemporâneo?

Tuesday, December 2, 2008

It`s only superstition

(...)
What if cards don't go my way?
Then it's sure to spoil my day
But in voices loud and clear
You say to me it's only superstition
It's only your imagination
It's only your other things that you feel
And the things from which you can't escape

Keep clean for the thousandth time
Stand still and wait in line
So nobody's better than others, oh no
(...) (Only Superstition / Coldplay)

Thursday, November 13, 2008

Whad did I miss?

"(...) And I can’t tell you just what’s keeping me down.
Something’s missing,
And I don’t know how to fix it.
Something’s missing,
And I don’t know what it is, no I don’t know what it is
I don’t.(...)"
(Something`s Missing / John Mayer)

Wednesday, November 12, 2008

Can you fly?

Tensão pré-apuração (Tio Sam, pq não escolheu um sistema eleitoral mais maleável para o labor jornalístico?) e a catarse pós-apuração de uma gripe que estava recolhida há semanas me impediram de comentar, mas vai com atraso.

Desconfio de carisma (minha candidata era a Hillary). Deconfio ao quadrado da combinação carisma, massas e unanimidade. Mas ainda assim me arrepiei com as cenas do discurso da vitória do Obama. Ver a primeira família presidencial negra da história dos EUA no palco e aquela massa gringa ovacionando... spechless.

A vitória em si já é quase missão cumprida, já mudou o mundo.

O discurso me lembrou um diálogo:
Can you fly, can you fly, can you fly?
Yes, I can; Yes, I can; Yes, I can.

Obama, show us you can fly. Estamos dispostos a acreditar.

Insustentável leveza do ser

If I can stop one heart from breaking,
I shall not live in vain;
If I can ease one life the aching,
Or cool one pain,
Or help one fainting robin
Unto his nest again,
I shall not live in vain.

Emily Dickinson

Dona Nenê gringa

Larissa e eu conversávamos horas (ok, eram minutos, mas pareciam horas) sobre os invejáveis apetrechos domésticos da D. Nenê (Marieta Severa, divina na "A Grande Família"). Jarras em forma de abacaxi, fruteiras e talheres dos mais variados formatos e cores, enfim. Cozinha dos sonhos para fãs de vaquinhas de porcelana, baleiros de plástico em forma de porco cor-de-rosa, flamingos em neon (só me falta o flamingo). Kitsch.

Achei a dona Nenê gringa. É a cozinha M-A-I-S legal ever. O seriado é esse abaixo, tem que ver um episódio completo para notar a cozinha.

Thursday, November 6, 2008

Today

In Deo speramus
(In God we hope)

Thursday, October 9, 2008

Today`s guidelines

"Love all, trust few, do wrong to no one".
Shakespeare (All's Well That Ends Well, Act 1, Scene 1)

Tuesday, September 9, 2008

Just stand up

Who are we to be
questioning, wondering what is what
(...)

It’s like we all have better days
Problems getting all up in your face

Just because you go through it
Don’t mean it got to take control, no
(...)

You ain’t gotta find no hiding place
Because the heart can beat the hate
(...)

Wednesday, September 3, 2008

Internet

(...) está na grande tradição acadêmica de saber cada vez mais sobre cada vez menos, até você saber tudo sobre nada. (...)
Steven Pinker, entrevistado pelo Ian McEwan, que escreve para "saber cada vez menos sobre cada vez mais, até você saber nada sobre tudo". ĺntegra aqui

Monday, July 28, 2008

All you need is notion

(...)
"There's nothing you can do that can't be done.
Nothing you can sing that can't be sung.
Nothing you can say but you can learn how to play the game.
It's easy.

Nothing you can make that can't be made.
No one you can save that can't be saved.
Nothing you can do but you can learn how to be you in time.
It's easy.
(...) All you need is love/Lennon e McCartney

Wednesday, July 2, 2008

A arte de inovar

SOLOMON saith, There is no new thing upon the earth. So that as Plato had an imagination, That all knowledge was but remembrance; so Solomon giveth his sentence, That all novelty is but oblivion.(...) Of Vicissitude of Things, F. Bacon

Tuesday, July 1, 2008

A arte de falar

(...) "Se manejaba con fluidez e ignorancia en diversas lenguas"(...) (El Aleph)

Thursday, June 19, 2008

Diversão

Sucesso da TV Caracol que a Telemundo importou.

Sin Senos no Hay Paraiso (tá tá tá - trilha sonora dramática)
Una historia inspirada en la vida real y en la cual el deseo de superación se convierte en ciega ambición, capaz de llevar al filo del peligro todo lo que se valora..hasta la propia vida.

Plot completo aqui.

E o twitter...

..., então, não é apenas uma ferramenta narcisista para contar ao mundo as coisas desinteressantes que fazemos diariamente ("perdi minha mala", "fui almoçar", "cortei o cabelo")?

"Text messaging, blogging and social networking have reached critical mass, with more than half of adults now relying on at least one of these so-called Web 2.0 platforms for communicating with friends, family, or colleagues on a regular basis, finds the latest installment of an ongoing tracking study from Interpublic's Universal McCann unit."(artigo completo aqui)

Wednesday, June 18, 2008

Whatever

WHO CARES?

Friday, June 13, 2008

Porque viver sem trilha sonora não tem a menor graça

"What would you think if I sang out of tune,
Would you stand up and walk out on me?
Lend me your ears and I'll sing you a song
And I'll try not to sing out of key."(...)

Wednesday, June 4, 2008

Revolution

You say you want a revolution
Well, you know
We all want to change the world
You tell me that it's evolution
Well, you know
We all want to change the world
(...)
You say you'll change the constitution
Well, you know
We all want to change your head
You tell me it's the institution
Well, you know
You'd better free your mind instead

Tuesday, May 27, 2008

A quem interessa a lucidez?

(...) "Ora, a famosa lucidez. Você é engraçado, meu caro, tem um medo tão louco de se iludir a si mesmo que recusaria a mais bela aventura do mundo para não se arriscar a uma mentira". (...) (A idade da razão/Sartre)

Rapidinhas da América

Só nesse país...

No restaurante
Você NÃO pode esperar sentado na mesa pelo terceiro elemento do grupo no almoço. It`s not our policy!

Na farmácia
Você compra advil PM (usado informalmente como sleeping pills), 6 barras de chocolate (o meu preferido, que nem sempre tem para vender, por isso a quantidade) e três rolos de fita adesiva (para a mudança) e a atendente te olha estranho e faz perguntas como se você fosse um possível suicida. Probably, it`s our policy!

No trabalho
Francês que fala português... de PORTUGAL, com m-u-i-t-o sotaque francês. Único o resultado. Sem policy nenhuma, o que interessa é entender e ser entendido.

Saturday, April 19, 2008

Pregnancy fever

Baby boom incomoda (ler post do blog da Lari) quando você precisa ir no ginecologista, liga para três médicos e gasta duas semanas buscando indicações até achar um que aceite pacientes não grávidas. Ufa. No entanto, ao agendar a consulta, descobre perplexa que só dali a três meses - não está grávida e é só um exame de rotina.

Quando enfim chega o dia - cuidadosamente monitorado para não correr o risco de esquecer - você e uma senhora de uns 65, 70 anos ficam TRÊS horas esperando enquanto TODAS as pacientes grávidas são atendidas em 10 minutos. Da próxima vez vou apelar para uma almofada na barriga.

Tuesday, April 15, 2008

Wasting life

Insone, peguei sem querer a segunda metade de Georgia Rule na TV. No primeiro segundo no qual vi a Lindsay Lohan na tela sabia que era roubada, mas ainda assim insisti. O filme é de uma ruindade ímpar que chega a hipnotizar, com um desfecho creepy.

Saturday, April 12, 2008

Da série pesquisas sérias

Destaque para a riqueza de informação.
Deve ser resultado de enquete.
Mulheres altas = bitches.

Wednesday, April 9, 2008

América

Almoço de vizinha de cubículo: pacote de pipoca de microondas e energético. Delicious.

Silêncio é ouro

Preciso ficar uns 3 dias sem falar palavra. Falar cansa.

Tuesday, April 8, 2008

Management of expectations


Como administrar expectativas.

Saturday, April 5, 2008

Twitter

Sobre como as redações podem usar o twitter, aqui.

Ou sobre como usar twitter at all, abaixo.

Ah, março


E então março foi um longo mês que passou v-o-a-n-d-o. Aquela coisa de inferno astral não deveria terminar depois do aniversário? Um mês na terrinha, sem TV ou Internet nas (poucas) horas vagas. Pelo primeira vez comecei a estranhar algumas coisas na cidade: a beleza das pessoas (todas), o modo de vestir (peladão), a sensação da cidade ter ficado pequena demais para tanto carro...

Faz uma semana que voltei e já parece que passou um mês. Eu já desconfiava que seria assim, mas não tem certeza sem perplexidade.

Top 5 Porto Alegre
5. Tomar café na Torta de Sorvete
4. Caminhar em ruas arborizadas, com sombras de árvores apesar do sol destilante
3. Redescobrir cheiros e sabores
2. Irmãos, família, amigos
1. Grupo de trabalho dez, poder mergulhar no trabalho em equipe. Fazia tempo.

Monday, February 25, 2008

De quando eu descobri Arrested Development

Muito caricato e engraçado, Arrested Development é uma comédia da vida privada americana no melhor estilo LFV, mas com o triplo de acidez e ironia. Para quem, assim como eu, perdeu as temporadas na TV, vale ir atrás do DVD. Os diálogos são inteligentes, irônicos e com todos os estereótipos possíveis. O casting faz jus: caras, bocas e guarda-roupa apimentam o que o roteiro faria sozinho.

O seriado se inspira nos escândalos contábeis que estouraram por aqui lá por 2001, 2002 (a estréia foi em 2003) :  Bluth pai frauda a própria empresa, vai preso e a família - que não gosta nem sabe trabalhar - tem os bens congelados e se vê obrigada a... sobreviver. Quem leu as notícias da época faz a relação inevitável. Quem não acompanhou, não tem problema. Os excêntricos Bluth não decepcionam. Preste atenção no IMPAGÁVEL Gob, o mágico ilusionista da família.

Aqui um clipe com algumas cenas. Adoro o diálogo da abertura, sobre lies x love. Mas mais que imagens, são os diálogos que fazem valer os 30 minutos.

Obamizeme

Ainda sobre os excelentes marqueteiros do Obama, essa veio do blog da Sabrina:
There’s a lot to like about Obama as a candidate for President. The man has gifts; no doubt about it. But the thing that fascinates me most is how hard it is to label him.
He’s neither white nor black
He’s neither old nor young.
He’s not a southerner or northerner because he grew up in Hawaii.
He’s not too left or too right.
He’s not too Christian, and even has a Muslim name.
He’s not an old school politician or a newcomer.
He’s not handsome in a standard way, yet he’s attractive.
He’s a man, but somehow projects a feminine vibe too.
By Scott Adams, o pai do Dilbert.

2008, 2008

Bisbilhotando um pouco nos blogs alheios, qual a minha supresa ao me deparar com o Calvin no blog Patifaria, utilizado com muito mais texto que nessas humildes páginas.

Mas a descrição de um final de mês atribulado, quase impossível, me remete a perguntas que assaltam o ser: o que tumultua esse final de fevereiro? Será a lua? Ou o carnaval antecipado, que nos obrigou a começar o ano antes?

Dias e dias




Meus dias se alternam em dias Garfield ou dias Calvin.

Nos dias Garfield a preguiça, o gosto pela comida e um certo individualismo na defesa do próprio conforto imperam.

Nos dias Calvin, é a vez do mau-humor, da impaciência e de vontade de ir para a frente do espelho gritar.

Definitivamente hoje foi um dia Calvin.

Sunday, February 24, 2008

Game over

Previsível como sempre e sem perder o encanto de sempre. 5 conclusões sobre o Oscar:

1. Reforçou minha impressão de que No Country for Old Man precisa ser visto, e logo.
2. Finalmente colocou o Javier Bardem no lugar que merece.
3. Me deixou curiosa sobre esse filme da Edith Piaf.
4. Me deixou curiosa sobre a Cate Blanchet interpretando o Bob Dylan. E sobre todos os filmes dos atores indicados a melhor ator. Era um time de peso.
5. Premiou o vestido mais feio do mundo, que escreveu um dos filmes que foi considerado o melhor filme de 2007. Vestido mais feio do mundo também é gente.

A vida imita a arte...


Não consigo ver o Martin Scorsese sem lembrar do personagem que ele dublou na animação Shark Tale. O personagem parece mais com o Scorsese que o Scorsese.

A moment

Criatividade definitivamente mantém a mente sana e jovem. O Robert Boyle, aos 98 anos, deu um banho de lucidez no discurso de Oscar honorário. Lembrei do Sean Penn recebendo o Oscar. O Sean Penn e o Bardem são alguns dos meus must see atores, mas sempre me pergunto como o Sean Penn consegue atuar, é "boemia" demais na veia.

Dom Bardem

Previsível e merecido o Oscar de melhor ator coadjuvante para o Javier Bardem. Não vi ainda No Country for Old Man, mas ele é um dos melhores atores do momento, na minha opinião, e vem merecendo uma estatueta já faz tempo. Mas dedicar o prêmio à mãe e ao sangue espanhol foi tão...

And the Oscar goes to...

Eu adoro o Oscar, ano após ano "colo" na frente da TV e vejo tudo (quase tudo, não gosto das esquetes). Da festa dos 80 anos já dá para tirar algumas conclusões:

1. A abertura me lembrou MUITO um atração do MGM Studios, em Orlando, que tenta contar a história do cinema com bonecos e recriação de cenas famosas a um público que transita entre cenários em um barquinho. O detalhe é que pararam lá pela Mary Poppins - os bonecos do cenário do Mágico de Oz ainda me dão pesadelos. Incrível como Hollywood encanta com mais do mesmo.

2. Vestido com alça de um ombro só tá na moda, pelo visto. E vermelho também.

3. A Felicity, do seriado teen, ainda existe. E está igual.

4. Sempre tem uma louca para vestir o pior vestido do mundo e aparecer na TV para o mundo inteiro. Não sei quem ela é, mas certamente amanhã saberei (estará em todas as listas melhores e piores).

Novo formato de jornalismo cidadão

The Week's Top 5, People, Trends and Tech on our Radar (By MediaShift)

1. Digital residuals
Writers’ strike ends with cut of web ads
2. iReport
CNN’s citizen media effort spins off, unfiltered
3. Free e-books
HarperCollins offers full content, no downloads
4. QuadrantOne
Newspapers band together for Yahoo alternative
5. Lessig for Congress
Mr. Free Culture to change Washington culture?

Para quem não viu, o novo formato do IReport, da CNN, é totalmente aberto, os internautas podem publicar notícias, fotos e vídeos em um canal (beta aqui) sem filtro ou revisão da redação. A idéia é brincar de ser jornalista e é exatamente assim que eles estão vendendo: "você precisa acreditar no que as pessoas estão publicando". Obviamente, por hora, esses textos estão descolados do conteúdo, vendidos como uma ferramenta de social media. Aparentemente eles escolherão algumas notícias para usar nos noticiários (provavelmente devidamente checadas). Vale acompanhar para ver como isso evolui.

Saturday, February 23, 2008

Chama a Regina Duarte

Post meio atrasado, mas vai lá: visível o desconforto mútuo de Hillary e Obama no debate de quinta, no Texas. Motivo não falta, as trocas de acusações e suspeitas - dinheiro sujo, cocaína e o escambal começaram em novembro. Alguns jornais comparam a corrida a uma espécie de "Presidential American Idol" (muito americano). Leia-se corrida como um todo, não apenas a Democrata.

Mas a disputa Democrata, por hora, é a mais interessante. Para mim, essa briga é sobre carisma, característica pessoal difícil de desenvolver que, basicamente, funciona assim: ou você nasceu com ou sem. A Hillary é uma bruxa velha, cuja trajetória de vida mostra uma mulher forte e ambiciosa, que não consegue convencer que é movida por motivos mais nobres que o jogo de poder. Milênios nos ensinaram que mulheres assim são bruxas velhas, não tem jeito. Nos homens, aquelas são qualidades, nas mulheres, tornam elas uma "bitch". Depois dos 40, uma bruxa. Nos 60, uma bruxa velha.

Na prática, os dois se diferenciam pouco (como deveria ser, afinal é uma disputa do partido). Leia aqui nota sobre o debate. A diferença é de personalidade. E é evidente que o Obama foi cercado de um comitê de campanha imbatível, que sabe exatamente o que está fazendo: está construindo a vitória do carisma. A defesa da Hillary é a força do conteúdo, a experiência. Na política (e em outras áreas), essas qualidades caem bem nos bastidores. O "PR" ou quem aparece, quem bota "cara" na coisa, precisa é de carisma.

But Clinton cannot pull that curtain back to reveal the impotent wizard because she is campaigning against a man who has somehow gone from nuisance to spirited challenger to a larger-than-life mythic figure in about eight weeks. (...) If the Democratic race has come down to a battle between content and charisma, content has had a very bad month. No one really wants to be the candidate trying to deflate the balloon of hope. (trecho de análise do Toronto Star).

O "balão da esperança". A disputa democrata é apenas uma metade da laranja. Mas essa metade me lembra muito a campanha presidencial do Brasil em 2002. Só falta uma Regina Duarte.

Abaixo um vídeo que mostra bem o espírito "larger-than-life mythic" da campanha do Obama.


Uma coisa eu sei, carisma precisa de um staff muito do bom. Relembrando de novo a campanha de 2002, isso pode dar problema.

Relevância

Eu adoro pesquisas que comprovam o óbvio, tem gente que precisa de número para aceitar até o óbvio. Mas essa aqui exagerou. A conclusão: sim, as pessoas lêem textos longos na Internet desde que RELEVANTES para elas. Relevância, relevância.

O lead nunca é indispensável

Texto jornalístico tem lead sempre, não importa o assunto, o tipo (hard news, entrevista etc.). Só alguns tipos (os talentosos) de jornalistas conseguem abrir mão do lead sem transformar sua abertura em nariz-de-cera ou lugar-comum.

Modelinho básico aqui no NY Times. O assunto? Homeless, mais lugar-comum impossível.

Wednesday, February 20, 2008

água mole em pedra dura tanto bate...

resiliência
re.si.li.ên.cia
sf (ingl resilience) 1 Ato de retorno de mola; elasticidade. 2 Ato de recuar (arma de fogo); coice. 3 Poder de recuperação. 4 Trabalho necessário para deformar um corpo até seu limite elástico.

O amigo do Chávez

Para quem não conhece, o Jaime Bayly é um jornalista peruano que tem um programa de TV transmitido de Miami para a América Latina. Ele também escreveu alguns livros de ficção e tem coluna em alguns jornais (entre eles a versão em espanhol do Miami Herald, que é um modelo de jornalismo de baixa qualidade feito por equipe reduzida e mal paga).

Ele é polêmico por dois motivos: a cruzada caricata contra a "influência perniciosa de Chávez na região" e o fato de, depois de se casar e ter dois filhos, se apaixonar por um homem, assumir a bissexualidade e se separar para viver a outra relação. Quem convive com a cultura latinoamericana sabe o quanto o tema é complicado.

O programa dele é uma versão latina dos talk shows americanos que inspiraram seus filhotes pelo mundo (um Jô Soares peruano que se leva menos a sério) e ele é muito engraçado, ainda que, às vezes, a quantidade de sarro que ele tira ofusca a qualidade das entrevistas - alguns entrevistados acabam um pouco desperdiçados. Abaixo, alguns vídeos cômicos recentes.







Tuesday, February 19, 2008

Meu dia de "M"

Falando em rir de si mesmo, renovei a carteira de motorista no ano passado, viajei e só fui tê-la em mãos há 15 dias. Surpresa ao detectar que no campo "sex" havia um "M", agendei uma visita ao departamento de trânsito. Foram duas semanas nas quais dirigi munida de passaporte e com discurso pronto para uma eventual abordagem da polícia. O trânsito aqui é péssimo e reúne os piores motoristas dos EUA, de acordo com o senso comum, e o risco de ser parado pela polícia pela mínima infração é grande.

Passadas as duas semanas, chego ao departamento de trânsito.

- Hello. I had received by mail my new driver license, but according with it, I`m a man.
Silêncio.
- Excuse me?
Silêncio.
A senhora olha para o lado e diz para a colega: "She is a man". A colega me olha escandalizada. A outra desata a rir e explica o erro.
- Tough day, the least we can do it`s laugh.
Aham, às minhas custas, no problem eu respondo (e penso comigo, lá se foi minha hora de almoço)
- You know, if you were a man, I would say that they did a god job. Are you married?
- Yes, with a man by the way.
Mais risos das duas.
Sorriso amarelo, decido interromper:
- I would like to be a donater.
Ela vira para o lado e diz: "She wants to be a donater". As duas desatam a rir de novo. Eu faço o meu olhar de "e?"
- You know, I`m wondering what you will donate. That part you don`t have since you are not a man.
Mais risos das duas.
Ok, aí tive que dar o braço a torcer e começar a rir também. Não da piada, que foi bem fraca, mas das duas loucas ganhando o dia às minhas custas.

Não me faça pensar

Quem me conhece sabe que acho o uso de jargão corporativo e termos técnicos até para explicar 5 minutos de atraso em reunião algo folclórico. Creio que é um excelente recurso para não dar informação nenhuma: empilhe várias palavras que ninguém entende nem estão no dicionário e... pronto, você se livrou das perguntas. Mas não dá para negar, jargão e palavra que não existe COLAM na língua. Me assusta como a gente simplesmente usa essas aberrações sonoras e gráficas sem pensar. De qualquer modo, nada é mais engraçado que ouvir esse vocabulário a sério.

Pls, se levar menos a sério é uma gentileza com o mundo que todos nós deveríamos praticar.

Friday, February 15, 2008

Dica do Dilbert

Achei um artigo sobre dicas para quem trabalha com/em equipes virtuais. Quem faz ou fez sabe que não é nem tão fácil nem tão difícil assim. Acho que os 5 pontos abaixo dizem tudo que se precisa saber a respeito.

- Your process is your practice
- Writing skills are an invaluable asset
- Setting boundaries keeps everyone sane
- Personality is a key ingredient
- Getting together is hard to do (but worth it)

O nome do artigo? The Rules of Digital Engagement.

Wednesday, February 6, 2008

A propósito...

Caretice minha ou o carnaval, a cada ano que passa, fica ainda mais baixo nível?

Monday, February 4, 2008

Bestseller E blockbuster que vale a pena

Quando "O caçador de pipas" caiu por acidente nas minhas mãos em uma livraria de aeroporto, eu comprei como um presente, mas acabei ficando com o livro. Não conhecia o autor e sequer sabia que era um livro pop. Mas a culpa me prendeu. Comecei a ler e acabei presa pela fraqueza de caráter do personagem narrador e pelo tema central ser a culpa.

Livros que figuram nas listas de mais vendidos não costumam ser os mais dotados de articulação literária, então foi uma surpresa. Narrativa fechada, plot que "pega" e eficiente construção dos personagens, vale a leitura. Como toda ficção tem lá suas passagens inverossímeis. Mas tem um drama bem construído: a fraqueza do narrador e a culpa que o corrói, nunca expressa abertamente em palavras, é palpável. O pai, que enxerga um filho fraco e decepcionante, mas ainda assim abre mão da própria essência para dar uma chance de vida a esse filho, é a paternidade nua e crua, a doação que só um pai consegue fazer. A criança ingênua e ao mesmo tempo perversa se torna um adulto fraco e vulnerável - nem sempre somos o que queremos ser, mas dá para corrigir? A obediência cega e tola e o amor incondicional a quem não pode nos amar corrompem o objeto de adoração. Se por um lado nunca se quis tamanha expectativa, como não se culpar por rejeitar tamanho amor?

Enfim, ainda que o desfecho seja pouco provável (o salto de personagem fraco e covarde a herói é demais), o livro tem lá um recorte da natureza humana e suas fraquezas. Não me prendi nas diferenças culturais entre Ocidente e Oriente, ainda que algumas contribuam para a minha interpretação do livro, mas prefiro sempre achar que pessoas são pessoas em qualquer lugar, independente de outros aspectos. Para quem curte essas reflexões e gosta de pensar a respeito das pessoas, suas ações e os inexplicáveis motivos que as determinam, é lazer na certa.

Wednesday, January 2, 2008

Be sure to wear some flowers in your hair (and nice shoes)

Cable cars

San Francisco pode ser vista em diversas tours ou nos cable cars, que cobrem os principais pontos da cidade, mas privam turistas "exploradores" de muitas surpresas. Nós, que gostamos de acreditar que somos "exploradores", um pouco aturdidos ao perceber que fazer turismo a pé depois dos 30 é diferente de fazer nos 20, decidimos andar. E andamos. Por todas as lombas (para os não gaúchos, ladeiras) possíveis. E, sim, vimos todos os lugares-comuns do guia (só faltou Alcatraz), mas "exploramos" vários pontos e vistas que não imaginávamos encontrar.


A cidade é linda. Simples assim, nem adianta tentar descrever com palavras mais complexas (quer palavras articuladas? Be Sure to Wear Some Flowers in Your Hair ou I Left My Heart in San Francisco). A cada esquina, é possível topar com uma vista, um belvedere escondido, uma trilha disfarçada, que exibe um ângulo novo, lindo, da cidade. Para achar isso, só aceitando desafiar a gravidade e subir onde a natureza determinou que se deve descer.

Haight-Ashbury, San Franscisco

O presente com contornos tão nítidos dos 60 está lá para quem quiser arregalar os olhos e ver (pode passar despercebido entre as megalojas, parkings lot e montes de turistas nas ruas). É só abrir os olhos e usar a imaginação para povoar as ruas de Haight-Ashbury, North Beach e Berkeley (cidade a 20 minutos de SF, onde, na Universidade da Califórnia, despontaram o movimento hippie e os protestos contra a guerra do Vietnã). Se a imaginação não for suficiente, você vai topar, por acaso, com alguma livraria decrépita, como a que entramos por acidente, em North Beach. O local estava repleto de literatura beat, e exibia uma exposição de fotos do Robert Altman (!), que reúne imagens de protestos, do "Summer of Love" e de tantas cenas que explicam os que ficaram pelos 60. Experimentar deve ter sido tão intenso quanto traumático ter de aceitar que o sonho acabou. Clichê, mas nossa geração não viveu nada assim, não me atrevo a julgar.

Japanese Tea Garden

Viver em uma cidade tão inquieta quanto linda só pode mesmo ser inspirador. Andando pelas ruas do Castro District, região gay - que hoje parece um pouco caricata (ou turística) com as bandeiras do arco-íris e pinturas e cores -, dá para pressentir outra revolução que muitos da nossa geração nem tomaram conhecimento, simplesmente crescemos e aprendemos a viver com os resultados: a busca por aceitação e evolução no tratamento da aids. Eu não fazia idéia, mas no Golden Gate Park há um memorial para as vítimas da aids, com nomes gravados no chão, declarações de amor e tributos a pessoas que nunca souberam de que mal morreram. Não está nos guias, descobrimos caminhando. O lugar é lindo. Um círculo de luz no meio das árvores: a região é cercada por árvores altas, que deixam a trilha escura e úmida, mas o miolo onde fica o memorial está exatamente em um círculo iluminado pelo sol. O efeito é lindo e o local é, ao mesmo tempo, escondido e inspirador.

Eu

A comunidade asiática, meaning 90% chinesa, é enorme e tem uma dinâmica similar aos latinos em Miami, com direito a letreiros de lojas bilíngues e a sensação de que quem fala mandarim (e outros dialetos chineses, para o meu ouvido chinês é chinês) se vira tão bem quanto qualquer hispano hablante na costa de cá. Chinatown é, imagino, como qualquer outra nos US (só conheço a de NY), mas é enorme. São várias ruas - e muitoooos patos defumados, frutos do mar secos e cheiros exóticos. Lá você encontra os artigos das gifts shops de todos os pontos turísticos por até 1/3 do preço, como, suponho, em qualquer Chinatown. Apenas seja cuidadoso na escolha do produto, as lojas são muito desiguais em termos de qualidade, ande um pouco.

SF merece dias de exploração para quem, como nós, gosta de cidades. Esse é o nosso tipo de turismo: andar pelas ruas, olhar para o céu, sentar em um café para ler o jornal local, decorar as cores e os cheiros da nova cidade (vista, talvez, pela primeira e última vez), arquivar para recordações futuras (quem me conhece sabe que sou econômica nas fotos). Ainda assim decidimos dividir nossos dias lá com viagens rápidas a cidades próximas.

Fizemos um bate e volta a Napa Valley e Sonoma. Foi rápido, mas vimos os vinhedos (inverno, portanto sem uvas ou folhas) e algumas vinícolas. O passeio merece pelo menos uma noite na região para aproveitar melhor os restaurantes, as degustações, os vinhos e o clima. O passeio é bonito, mas se tiver pouco tempo fique em San Francisco mesmo.

Carmel e Monterrey, ao Sul, são passeios mais longos, mas definitivamente imperdíveis. Vá pela US 1. O cenário é fabuloso: você vai ver trechos com nada além de mato e mar morro abaixo. A mistura de litoral recortado e Serra em Carmel é belíssima e a cidade, bem pequena, é charmosa. Foi em Carmel que toquei o Pacífico pela primeira vez. Em Monterrey está um dos maiores aquários dos Estados Unidos e, para quem gosta do programa, é bacana. Antes da volta, um tour pela 17-Mile Drive (estrada privada que oferece outra série de great views) é obrigatório.

Back a SF, alguns dizem (o nosso guia turístico de papel, por exemplo, que definitivamente era um terceiro elemento no grupo) que comer clam showder ou crabs nas barraquinhas do pier é passeio básico ou você não esteve lá. Adoro experimentar a culinária local, mas não gosto de colocar meu estômago à prova. Para quem curte e não se importa com um ambiente um pouco sujinho, uma multidão de pé comendo crabs com as mãos, em meio a panelas de água fervendo (a mesma durante todo o dia, eu diria), é uma opção barata de alimentação. E todo um pacote turístico, do qual acabamos abrindo mão.

Mas, no geral, se come bem na região. Acho que, dos chocolates quentes às pastas, não provamos nada ruim ou mal feito ou mal servido por lá. E quem já esteve em Miami sabe do que estou falando: serviço ruim, comida péssima e porções gigantes e totalmente desproporcionais na relação sabor x tamanho - ninguém ouviu falar de que, às vezes, menos é mais.

TOP TEN SF NA BARBLAND
10. Ver a Golden Gate de longe, no final de tarde, marcando a paisagem com seu vermelho brilhante.
9. Descer de carro a Lombard Street para apaziguar a criança que vive no corpo de 30 anos.
8. Fingir que entendo alguma coisa de vinhos, fazer caras e bocas na degustação e ouvir explicações do sommelier.
7. Decadent drinking chocolate da Ghiradelli.
6. Cafe Mason e seu seafood linguini, lifesaver, aberto 24h, serviço excelente, preços razoáveis, ingredientes de qualidade e um dos poucos locais na América onde as garçonetes não pressionam para cair fora antes da segunda garfada. Na verdade, não importa a hora do dia, you take your time.
5. Tomar chá verde e ler a sorte do biscoito no Japanese Tea Garden, no Golden Gate Park.
4. Parar o carro no estacionamento do Marina District e ver o mar.
3. Descer a rua principal de Carmel e, em meio a árvores, descobrir o oceano Pacífico, gigante e gelado.
2. Twin Peaks, pontos mais altos da cidade. Visual (e a experiência de subir até lá) amazing
1. Caminhar em um domingo de sol no Golden Gate Park. Andar por horas, ver as árvores, experimentar as trilhas e observar as pessoas.