Monday, March 30, 2009

Day 5 (25/3) - Himeji Castle e Nara

Já tínhamos ficado bem impressionados com o Nijo Castle, o que não nos preparou para o que encontramos em Himeji. Na cidade está o Himeji Castle, o maior dos 12 castelos feudais que ainda podem ser vistos no Japão. O local foi tombado pela UNESCO como patrimônio histórico da humanidade e é impressionante.









Caminho até o Himeji Castle

O castelo começou a ser construído em 1333, como um forte, e foi ampliado ao longo dos anos, até 1749, pelos clãs de vários shogunatos. As telhas exibem os brasões desses diferentes clãs. A estrutura da construção e sua variedade de detalhes e sofisticações para deixá-lo com uma arquitetura preparada para o conflito são de arrepiar.





Vista externa do castelo

Desde o local onde a construção foi feita à disposição dos aposentos, labirintos, passagens e aberturas para permitir defesa (buracos, literalmente, por toda a parte superior para permitir uso de armas e, como atitude de defesa, jogar água quente em eventuais " climbers"), a funcionalidade da arquitetura mostra uma sofisticação impressionante. Há ainda depósitos de comida, água e armas por todos os andares e grupos de aposentos, prevendo eventuais situações de sítio, e, o extremo: uma ala para suicídio. No entanto, segundo as indicações no local (é possível acessar a parte interna dos 6 andares do castelo) nada disso foi posto à prova.





Parte interna do castelo

De Himeji partimos para Nara, outra cidade histórica. Nara foi a primeira capital do Japão e tem vários locais considerados patrimônio histórico pela UNESCO. Caminhamos pela cidade, que é bonita, e fomos para o Nara Park, onde está o Todai-ji Temple, a Kasuga Shrine e o Kofuku-ji Temple. Vimos os dois primeiros, o Kofuku-ji já estava fechado quando chegamos (de outubro a março, templos e shrines fecham entre 16h e 17h. A partir de abril, o horário aumenta).

Todai-ji temple, visto de fora

O templo Todai-ji é de 743 e tem um buda gigante no seu interior. Essa época marca também a consolidação do budismo no país, quando o imperador Shomu resolveu adotar as relativas novas idéias - novas para o Japão, que conheceu a doutrina por volta do século V - na tentativa de acalmar e trazer unidade ao país, então assolado por pestes e conflitos. O templo atual, reconstruído em 1790, tem 2/3 do tamanho do templo original, mas ainda assim é considerado um dos maiores edifícios em madeira do mundo. Nara, por sua vez, é vista como a grande diocese do budismo no Japão.

Buda gigante, está dentro do Todai-ji temple



Kasuga Shrine

Vista de fora do Kofuku-ji Temple (estava fechado quando chegamos)

Day 4 (24/3) – Parte histórica (e turística) de Kyoto

Hoje saímos cedo para visitar alguns locais em Kyoto mesmo e caminhamos muitooo. As distâncias são grandes e como adotamos esse modelo de turismo Supertramp, a caminhada foi pesada.

Começamos pelo Kinkaju-ji temple (Golden Pavillion), um templo coberto de ouro construído como vila de repouso pelo shogun Ashikaga Yoshimitsu, em 1397. O templo atual é, na verdade, uma réplica do original, que foi destruído em 1950. O lugar é lindo, breathless. A região toda é repleta de templos e shrines.


Caminho que dá acesso ao templo







Depois, fomos para o Ryoanji Temple, templo Zen cujo parque também é lindo e a atração principal um pouco surpreendente para nós, meros ocidentais sem grande prática na arte da contemplação: um jardim de pedras de apenas 25 metros, com 15 pedras. Esse jardim diminuto é considerado uma masterpiece do Zen budismo, cuja interpretação é individual e deve vir de uma silenciosa contemplação.









Caminhada para o jardim de pedra


Enfim, o jardim de pedra




Parte interna do jardim, de onde se faz a contemplação


Maquete do jardim

O destino seguinte foi o Palácio Imperial, para o qual tínhamos tour guiada previamente agendada pela web para as 14h. O palácio é, na verdade, um grande complexo de instalações variadas, algumas utilizadas para a vida diária outras apenas para cerimônias durante o período no qual Kyoto foi a capital do país. A área é cercada por um grande parque aberto ao público e, aparentemente, bastante movimentado em dias ensolarados como esse que tivemos.




Entrada do Palácio Imperial













Instalações do Palácio Imperial

Por fim, fomos para o Nijo Castle, castelo feudal impressionante que fica no meio da cidade, construído em 1603. O local é famoso por ser bem ornamentado e o chão foi feito de modo que ao pisá-lo, um som de pio de pássaro se produz, para que a entrada nos aposentos fosse sutilmente anunciada. Pudemos constatar esse som difícil de descrever na visita que fizemos (é possível andar pela parte interna do castelo, mas não fotografar) e é isso mesmo, o chão pia.












Exterior do castelo

Saturday, March 28, 2009

Day 3 (23/3) - Enfim, Kyoto

Chegamos a Kyoto por volta das 12h. A estação é bem bacana, melhor ainda que a de Tóquio (depois fiquei sabendo que é um dos edifícios mais modernos do Japão), então resolvemos dar uma volta antes de pegar o metrô para o hotel. Por sorte, achamos um concierge do Westin onde ficaríamos, onde pudemos deixar as malas e, depois de almoçar, tomar um shuttle até o hotel.


Vídeo da Kyoto Station

Kyoto é uma cidade de contrastes: por um lado, é uma das cidades históricas do país, repleta de templos e shrines. Por outro, é um pólo comercial importante, sede de escritórios de várias companhias. De certo modo, essa harmonia entre o passado e o moderno é visível não apenas pela arquitetura e dinâmica da cidade, mas também pelo tipo de pessoas que circulam por ela.


Vídeo com vista de Kyoto, entre as montanhas

Você vê fácil, no mesmo quarteirão, senhoras vestidas de roupas tradicionais, gueishas se esgueirando em táxis (elas não gostam de fotos ou atenção), business man old school vestidos em ternos sóbrios (eles costumam levar clientes estrangeiros para visitar templos e shrines, acho que em todos os que fomos vimos essa cena), e, além de muitos turistas, profissionais e famílias estrangeiras, com todo jeito de quem mora na cidade.

A cidade é grande, tem três lados cercados por montanhas e é dividida por um rio. O visual é muito bonito. Foi fundada em 794, quando se tornou capital até perder esse status para Tóquio (Edo) em 1868 e reúne locais históricos que ajudam a entender um pouco da história do Japão – meu desconhecimento sobre o tema, devo alertar, que era grande, agora é só um pouco menor.




Cenas de Kyoto, região próxima ao hotel

À tarde, decidimos explorar a região próxima ao hotel. Um dos templos que queríamos visitar fica próximo, mas deu tudo errado. Caminhamos um monte, mas não achamos o dito. Acabamos o dia no bairro de Kawaramachi, região central da cidade onde estão os bares, restaurantes e, claro, as lojas de departamento.


Vista da caminhada, quando perdidos, na região do hotel


Kawaramachi, Kyoto

Day 3 (23/3) - Partida para Kyoto

Saímos bem cedo do hotel para pegar, enfim, o Shinkansen, mais conhecido como trem bala, para Kyoto. De Tóquio a Kyoto, na versão Hikari do trem, são cerca de três horas de viagem, com paradas em 7 ou 8 estações. Fomos de metrô até a Tóquio Station, estação central de onde tomaríamos o Shinkansen. A viagem passa rápido e, como o dia estava aberto, foi possível ver o Monte Fuji na passagem, entre casas e edifícios (a dica é sentar no lado direito do trem e ficar atento após uns 40 minutos depois de deixar Tóquio).


Tóquio Station, plataforma do Shinkansen para Kyoto

Parêntese 1: as estações de metrô e trens
Metrô, para circular na região metropolitana de Tóquio, linhas regulares de trem, que ligam as principais estações da capital a cidades próximas, e o trem bala, que liga as principais cidades do país, de Norte a Sul, são os principais meios de transporte.
Assim, a maioria das estações é, também, um grande centro comercial subterrâneo. Há de tudo: desde quiosques de comida, que vendem bento boxes to go para serem consumidas no trem, a restaurantes caros e ligações com as grandes lojas de departamento.

Apesar da confusão que é entender o funcionamento das linhas do metrô e as conexões com os outros tipos de trem, uma vez que se “pega” o jeito, a logística fica extremamente fácil (o Luciano que o diga, já que ficou com ele a parte de entender do tema).

Logo que chegamos, compramos o Pasmo para usar no metrô de Tóquio, um cartão pré-pago que permite recarga, pode ser devolvido com reembolso de parte da tarifa básica e agiliza muito o trânsito nas estações – e, acredite, isso é muito importante, já que estamos no formigueiro. Ficar “mosqueando” com cara de perdido não representa nenhum risco físico, já que ninguém vai te empurrar ou roubar, mas a chance de ser levado pela massa para outro lado é grande.

Parêntese 2: o Shinkansen
Antes de chegar no Japão, depois de muita pesquisa online e aconselhados por amigos, compramos o JR Rail Pass. O passe, que pode ser comprado por 7, 14, 21 dias ou outras combinações, dependendo da região do país na qual será usado, permite numero ilimitado de viagens no trem, com algumas restrições, por exemplo não pode ser usado no tipo Nozomi (mais rápido de todos) e você precisa escolher antes o tipo de vagão que viajará entre duas tarifas (ordinary car e green car).


Dentro do Shinkansen

Comprar o passe garante uma boa economia, mesmo que você não faça tantas viagens entre cidades. Ele só é vendido fora do Japão para estrangeiros ou japoneses que não moram no país. Para comprar, é só acessar o site da JR (operadora do trem) e ver a lista de pontos de venda por região. Fizemos tudo online, e em 3 dias, entre comprar, receber a ligação de confirmação e receber o voucher em casa pelo correio, estava tudo ok.

Ao chegar no aeroporto, antes de vir para a cidade, fomos direto na loja da JR emitir o passe. Você precisa mostrar o passaporte e definir o dia que começará a usá-lo (vale pelo número de dias corridos após essa data) e, uma vez emitido, nada pode ser alterado ou reembolsado. Nesse momento também reservamos assentos para as viagens mais longas que faríamos (Kyoto, Hiroshima e a volta Tóquio-Narita), o que é recomendado, não obrigatório, para grandes distâncias. Para viagens curtas não é necessário. Na nossa experiência, por ser ainda começo da primavera – a alta estação de turismo começa mesmo em abril - poderíamos ter tomado simplesmente os trens, sem reserva.


Shinkansen Hikari

Transitar nas estações da JR é outra experiência curiosa: NINGUÉM checa realmente se você tem o passe ou faz grandes revisões dos documentos que você mostra. A instrução é mostrar o passe e o passaporte no guichê ao lado das catracas das estações e, nos trens, mostrar o bilhete e o passe. Mas poucas vezes fomos solicitados a mostrar algo. Nada como uma sociedade que considera o crime uma desonra. Estamos tão acostumados a desconfiar que estranhamos a confiança. Segundo o xintoísmo, a natureza do homem é boa. Essa simplicidade, ainda que o Japão já tenha lá problemas sociais e econômicos que conhecemos melhor, ainda se reflete em vários comportamentos.

O Shinkansen, em si, é um trem sem grandes luxos, mas certamente viajar em quaisquer dos seus vagões é uma experiência infinitas vezes mais confortável que a classe econômica de qualquer avião. A JR opera no país inteiro, com 6 diferentes linhas que servem as 4 ilhas e o passe funciona de modo um pouco diferente em cada uma. O nosso permitiria o uso em qualquer linha, mas como nosso roteiro ficou apenas entre Tóquio e o Sul do pais, usamos apenas a Tokaido e a Sanyo. O Narita Express (que liga a capital ao aeroporto) é uma sétima linha, que só faz essa conexão. Nas duas que usamos, os trens podem ser de três tipos: Nozomi (o mais rápido de todos, pára apenas nas grandes estações, nosso passe não permitia o uso), o Hikari (Express, pára menos, no geral o que usamos) e o Kodama (versão pinga-pinga, com várias paradas).


Quando chega e antes da partida, o trem recebe uma limpeza a jato (dura uns 5 minutos e todos os assentos são limpos!)

Parêntese 3: as megalojas de departamento
Já citei rapidamente, mas as lojas de departamento são outra atração turística pelo tamanho e complexidade. No geral, são gigantes, com 12, 15 andares, e vendem de tudo. Geralmente há um mercado em um dos andares do subsolo, com ilhas que vendem verdura e frutas frescas, doces, peixaria e diversas opções de comida pronta. É uma opção de alimentação barata para budget travellers.

A gente não curtiu muito o modelo (que foi sugerido nos guias de viagem) – é tudo to go, portanto teríamos de consumir no hotel. Como há outras alternativas a preços razoáveis e, no final das contas, comer aqui também é uma experiência a ser apreciada, resolvemos explorar.

Algum dos subsolos das lojas também tem ligação com o metrô e linhas regulares de trem. Os demais andares vendem roupas, artigos para a casa, eletrônicos, há restaurantes, cafés, casas de chá e muito mais. São muitas, muitas opções desse tipo de loja. O modelo se mantêm sempre, mas a qualidade dos artigos varia: há lojas populares e lojas caríssimas, que vendem só marcas de grife – e é bem estranho o conceito, uma Macy`s super-hiper potencializada.

Friday, March 27, 2009

Days 21 e 22/3 - reconhecimento de território em Tóquio


Shibuya, obra perto do prédio da Universidade da ONU

Como saímos de Miami às 6h e tínhamos de estar no aeroporto às 4h, pouco dormimos nessa noite. No fim isso muito nos ajudou na adaptação ao fuso. Apesar de exaustos, ficamos acordados até umas 20h e despertamos pelas 6h para o que seria o nosso dia 1 (até aqui, por causa do fuso, perdemos 2 dias: saímos no começo da manhã de quinta e nosso dia 1 já é o sábado).


Vista da trilha ao redor do Palácio Imperial

Começamos a exploração pela região do Palácio Imperial. Uma trilha cerca o palácio e, como era sábado, estava lotada de gente caminhando ou correndo, andando de bicicleta ou fazendo turismo, como nós. O parque do palácio não é aberto ao público, o que foi um pouco decepcionante, já que não se vê nem sombra dele. O palácio em si só é aberto ao público duas vezes ao ano: no aniversário do Imperador e nas festividades do ano novo, mas isso eu já sabia.



Mais perto que o ser humano normal em um dia qualquer pode chegar da propriedade da família imperial

Seguimos até a Tóquio Station, um prédio antigo que está em processo de restauração. A estação em si está no complexo, mas é ultra-moderna, como tudo nessa cidade.


Antiga Tóquio Station

Depois, andamos até Ginza, onde almoçamos em um café. Ginza é a Oscar Freire, muitoooo mais chique, limpa e moderna, do Japão. Todas as lojas de grife imagináveis estão aqui e a idéia de fazer qualquer compra é loucura. Informação inútil: é no Japão que está a maior loja da Louis Vuitton. A marca é febre entre homens e mulheres e basta andar na rua para perceber que eles adoram grifes, no geral. Curioso.


No metrô




Ginza


Região perto do mercado de peixes

No dia seguinte, um domingo, fomos para Harajuku, Shinjuku e Shibuya. Antes de chegar em Harajuku – dito bairro das adolescentes, onde você pode vê-las vestidas dos modos mais estranhos possíveis – passamos pela Meiji Shrine - datada de 1920, é a mais importante xinto shrine da cidade. Em breve descobríamos que onde há uma shrine, há, invariavelmente, um casamento tradicional, com roupas e cortejo típicos.


Estádio na frente do parque da Meiji Shrine, onde estava rolando um campeonato estadual de vôlei



Meiji Shrine

Harajuku foi bem decepcionante. Até vimos as adolescentes vestidas de personagens, mas o ambiente não é legal. O ponto alto do bairro é uma rua estreira, tumultuadíssima entre grupos de adolescentes, turistas e imigrantes que se posicionam nas beiras da rua. Um deles abordou o Luciano falando uma língua que não entendemos com um ar suspeito. Não entendemos o que queria e, apesar do ar suspeito, foi estranho pensar em alguma tentativa de assalto ou oferta de algo ilícito, já que a sensação de segurança na cidade é constante. A rua em si é sem graça: o comércio parece cheap, meio estilão Voluntários da Pátria, com alto-falantes e tal. No entanto, segundo os guias é de onde se vestem as adolescentes estilosas.

Primeiro sushi da viagem

Shinjuku e Shibuya são outros bairros bem movimentados (será que existe algum pouco movimentado em Tóquio?), repletos de lojas de grife, pessoas (PE-SSO-AS, muitas), comércio variado, lojas de departamento gigantescas (esquece a Macy`s, os japoneses é quem sabem fazer lojas de departamentos), portinhas que quando você espia descobre que são grandes casas de jogos eletrônicos, lotadas de homens e mulheres maduros sentados diantes das máquinas.


Algum ponto entre Shibuya e Shinjuku

Em Shibuya fica o cruzamento mais movimentado do mundo. Nós já sabíamos, o Juliano tinha nos prevenido. Ainda assim, um marciano recém chegado saberia identificar que é o cruzamento mais movimentado do mundo. É algo indescritível pela sincronia que se vê. Parece uma orquestra. Você olha e parece uma combinação impossível: centenas de pessoas, carros, ruas largas, sinais que abrem e fecham. E tudo se movimenta de modo perfeito. A rua se enche e se esvazia em um piscar, sem um buzinaço ou atropelamento. Curioso.


Shibuya, cruzamento impressionante do formigueiro Tóquio