Monday, December 10, 2007

Bogotá

Andei meio sem-paciência-tempo-vontade-disposição para postar, o que foi piorado pela viagem da semana passada para Bogotá. A cidade já havia me interessando na primeira viagem, em junho, mas foi só agora, com mais tempo, que foi possível explorar um pouco mais. Algumas impressões:

- Ao contrário do senso comum, os bogotanos com os quais cruzamos foram extremamente atenciosos e hospitaleiros. Dizem (os próprios colombianos) que bogotanos são fechados e um pouco antipáticos.

- Ao contrário do senso comum de que a altitude pega mesmo só depois do terceiro dia, no primeiro pela tarde eu já estava enjoada e com dores de cabeça. Melhorou exatamente no terceiro dia.

- O trânsito é infernal e agressivo (como em São Paulo, Buenos Aires, Cidade do México etc).

- Usaquén, uma das localidades mais antigas da cidade, reúne o mercado das pulgas e varios restaurantes típicos. É visita obrigatória, especialmente se você vai a trabalho (é perto da região comercial).

- A Zona T, Zona G etc são áreas de restaurantes excelentes e agito noturno. Dá para achar comida típica, cozinha internacional, fusion, japonês, francês e qualquer coisa que possa ser espetada com um garfo. Come-se muito, muito bem nessa cidade. E com preços razoáveis.

- A região do Palácio da Justiça, na Plaza de Bolívar, parece uma zona de guerra pela presença militar.

- Os cachorros treinados em farejar explosivos estão por toda a parte. Mesmo na entrada do estacionamento do shopping, nenhum carro entra sem passar por uma farejada. Se por um lado causa estranheza, por outro passa uma forte sensação de seguridad.

- A sensação de segurança está por todas as áreas as quais percorremos (basicamente centro empresarial e regiões turísticas). Por toda a parte vê-se cães farejadores e soldados ou policiais armados. Não conheço, mas logo pensei em Israel.'

- Em tempo, isso é coisa do governo atual, ação ostensiva do governo no combate ao terrorismo e aos narcotraficantes.

- Nenhum motoboy anda sem colete de idenficação, é lei municipal em Bogotá. Entre os anos 80 e 90, cidades como Cali proibiram motos com dois passageiros homens. A violência diminuiu drasticamente desde então, e as motos continuam fonte de polêmica, como em toda cidade com trânsito estressado.

- Em junho, uma ou duas semanas antes de eu visitar a cidade pela primeira vez, havia tido um atentado a bomba a três quadras do escritório. A diferença é que atentado na Colômbia não rende mais manchete nem para a imprensa Latinoamericana.

- Em compensação, a chocante carta da Ingrid Betancourt, divulgada uma semana antes da nossa visita, rendeu, e muito. O país seguia sob o efeito das imagens e do texto. Era o tema na rua, nos táxis, nas rádios.

- Questionei meus colegas se o Uribe não tinha demorado demais a se manifestar. A resposta foi que a popularidade dele está justamente no discurso duro e na política de não negociar com as Farc (o Pastrana investiu parte do mandando negociando uma zona desmilitarizada, em um processo de paz que acabou fracassado e não diminuiu os seqüestros), assim que o Uribe não tem interesse político em buscar soluções alternativas (como a gestão do Chávez no tema). Por isso a "tardanza" em se pronunciar. Enquanto isso a Ingrid Betancourt e tantos outros reféns (ela é apenas a mais famosa, ainda que não menos vítima) definham na selva.

- Bom, o fato é que o país fervia com o tema e o presidente, depois da carta do Sarkozy ao Marulanda, anunciou a possibilidade de negociação (leia mais). Uma semana passou e pouco aconteceu. Os críticos dizem que as condições do Uribe para o intercâmbio humanitário são condições feitas para não serem aceitas e que o anúncio foi apenas para acalmar as reações internacionais.

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