Muito caricato e engraçado, Arrested Development é uma comédia da vida privada americana no melhor estilo LFV, mas com o triplo de acidez e ironia. Para quem, assim como eu, perdeu as temporadas na TV, vale ir atrás do DVD. Os diálogos são inteligentes, irônicos e com todos os estereótipos possíveis. O casting faz jus: caras, bocas e guarda-roupa apimentam o que o roteiro faria sozinho.
O seriado se inspira nos escândalos contábeis que estouraram por aqui lá por 2001, 2002 (a estréia foi em 2003) : Bluth pai frauda a própria empresa, vai preso e a família - que não gosta nem sabe trabalhar - tem os bens congelados e se vê obrigada a... sobreviver. Quem leu as notícias da época faz a relação inevitável. Quem não acompanhou, não tem problema. Os excêntricos Bluth não decepcionam. Preste atenção no IMPAGÁVEL Gob, o mágico ilusionista da família.
Aqui um clipe com algumas cenas. Adoro o diálogo da abertura, sobre lies x love. Mas mais que imagens, são os diálogos que fazem valer os 30 minutos.
Monday, February 25, 2008
De quando eu descobri Arrested Development
Obamizeme
Ainda sobre os excelentes marqueteiros do Obama, essa veio do blog da Sabrina:
There’s a lot to like about Obama as a candidate for President. The man has gifts; no doubt about it. But the thing that fascinates me most is how hard it is to label him.
He’s neither white nor black
He’s neither old nor young.
He’s not a southerner or northerner because he grew up in Hawaii.
He’s not too left or too right.
He’s not too Christian, and even has a Muslim name.
He’s not an old school politician or a newcomer.
He’s not handsome in a standard way, yet he’s attractive.
He’s a man, but somehow projects a feminine vibe too.
By Scott Adams, o pai do Dilbert.
2008, 2008
Bisbilhotando um pouco nos blogs alheios, qual a minha supresa ao me deparar com o Calvin no blog Patifaria, utilizado com muito mais texto que nessas humildes páginas.
Mas a descrição de um final de mês atribulado, quase impossível, me remete a perguntas que assaltam o ser: o que tumultua esse final de fevereiro? Será a lua? Ou o carnaval antecipado, que nos obrigou a começar o ano antes?
Dias e dias
Meus dias se alternam em dias Garfield ou dias Calvin.
Nos dias Garfield a preguiça, o gosto pela comida e um certo individualismo na defesa do próprio conforto imperam.
Nos dias Calvin, é a vez do mau-humor, da impaciência e de vontade de ir para a frente do espelho gritar.
Definitivamente hoje foi um dia Calvin.
Sunday, February 24, 2008
Game over
Previsível como sempre e sem perder o encanto de sempre. 5 conclusões sobre o Oscar:
1. Reforçou minha impressão de que No Country for Old Man precisa ser visto, e logo.
2. Finalmente colocou o Javier Bardem no lugar que merece.
3. Me deixou curiosa sobre esse filme da Edith Piaf.
4. Me deixou curiosa sobre a Cate Blanchet interpretando o Bob Dylan. E sobre todos os filmes dos atores indicados a melhor ator. Era um time de peso.
5. Premiou o vestido mais feio do mundo, que escreveu um dos filmes que foi considerado o melhor filme de 2007. Vestido mais feio do mundo também é gente.
A vida imita a arte...
Não consigo ver o Martin Scorsese sem lembrar do personagem que ele dublou na animação Shark Tale. O personagem parece mais com o Scorsese que o Scorsese.
A moment
Criatividade definitivamente mantém a mente sana e jovem. O Robert Boyle, aos 98 anos, deu um banho de lucidez no discurso de Oscar honorário. Lembrei do Sean Penn recebendo o Oscar. O Sean Penn e o Bardem são alguns dos meus must see atores, mas sempre me pergunto como o Sean Penn consegue atuar, é "boemia" demais na veia.
Dom Bardem
Previsível e merecido o Oscar de melhor ator coadjuvante para o Javier Bardem. Não vi ainda No Country for Old Man, mas ele é um dos melhores atores do momento, na minha opinião, e vem merecendo uma estatueta já faz tempo. Mas dedicar o prêmio à mãe e ao sangue espanhol foi tão...
And the Oscar goes to...
Eu adoro o Oscar, ano após ano "colo" na frente da TV e vejo tudo (quase tudo, não gosto das esquetes). Da festa dos 80 anos já dá para tirar algumas conclusões:
1. A abertura me lembrou MUITO um atração do MGM Studios, em Orlando, que tenta contar a história do cinema com bonecos e recriação de cenas famosas a um público que transita entre cenários em um barquinho. O detalhe é que pararam lá pela Mary Poppins - os bonecos do cenário do Mágico de Oz ainda me dão pesadelos. Incrível como Hollywood encanta com mais do mesmo.
2. Vestido com alça de um ombro só tá na moda, pelo visto. E vermelho também.
3. A Felicity, do seriado teen, ainda existe. E está igual.
4. Sempre tem uma louca para vestir o pior vestido do mundo e aparecer na TV para o mundo inteiro. Não sei quem ela é, mas certamente amanhã saberei (estará em todas as listas melhores e piores).
Novo formato de jornalismo cidadão
The Week's Top 5, People, Trends and Tech on our Radar (By MediaShift)
1. Digital residuals
Writers’ strike ends with cut of web ads
2. iReport
CNN’s citizen media effort spins off, unfiltered
3. Free e-books
HarperCollins offers full content, no downloads
4. QuadrantOne
Newspapers band together for Yahoo alternative
5. Lessig for Congress
Mr. Free Culture to change Washington culture?
Para quem não viu, o novo formato do IReport, da CNN, é totalmente aberto, os internautas podem publicar notícias, fotos e vídeos em um canal (beta aqui) sem filtro ou revisão da redação. A idéia é brincar de ser jornalista e é exatamente assim que eles estão vendendo: "você precisa acreditar no que as pessoas estão publicando". Obviamente, por hora, esses textos estão descolados do conteúdo, vendidos como uma ferramenta de social media. Aparentemente eles escolherão algumas notícias para usar nos noticiários (provavelmente devidamente checadas). Vale acompanhar para ver como isso evolui.
Saturday, February 23, 2008
Chama a Regina Duarte
Post meio atrasado, mas vai lá: visível o desconforto mútuo de Hillary e Obama no debate de quinta, no Texas. Motivo não falta, as trocas de acusações e suspeitas - dinheiro sujo, cocaína e o escambal começaram em novembro. Alguns jornais comparam a corrida a uma espécie de "Presidential American Idol" (muito americano). Leia-se corrida como um todo, não apenas a Democrata.
Mas a disputa Democrata, por hora, é a mais interessante. Para mim, essa briga é sobre carisma, característica pessoal difícil de desenvolver que, basicamente, funciona assim: ou você nasceu com ou sem. A Hillary é uma bruxa velha, cuja trajetória de vida mostra uma mulher forte e ambiciosa, que não consegue convencer que é movida por motivos mais nobres que o jogo de poder. Milênios nos ensinaram que mulheres assim são bruxas velhas, não tem jeito. Nos homens, aquelas são qualidades, nas mulheres, tornam elas uma "bitch". Depois dos 40, uma bruxa. Nos 60, uma bruxa velha.
Na prática, os dois se diferenciam pouco (como deveria ser, afinal é uma disputa do partido). Leia aqui nota sobre o debate. A diferença é de personalidade. E é evidente que o Obama foi cercado de um comitê de campanha imbatível, que sabe exatamente o que está fazendo: está construindo a vitória do carisma. A defesa da Hillary é a força do conteúdo, a experiência. Na política (e em outras áreas), essas qualidades caem bem nos bastidores. O "PR" ou quem aparece, quem bota "cara" na coisa, precisa é de carisma.
But Clinton cannot pull that curtain back to reveal the impotent wizard because she is campaigning against a man who has somehow gone from nuisance to spirited challenger to a larger-than-life mythic figure in about eight weeks. (...) If the Democratic race has come down to a battle between content and charisma, content has had a very bad month. No one really wants to be the candidate trying to deflate the balloon of hope. (trecho de análise do Toronto Star).
O "balão da esperança". A disputa democrata é apenas uma metade da laranja. Mas essa metade me lembra muito a campanha presidencial do Brasil em 2002. Só falta uma Regina Duarte.
Abaixo um vídeo que mostra bem o espírito "larger-than-life mythic" da campanha do Obama.
Uma coisa eu sei, carisma precisa de um staff muito do bom. Relembrando de novo a campanha de 2002, isso pode dar problema.
Relevância
Eu adoro pesquisas que comprovam o óbvio, tem gente que precisa de número para aceitar até o óbvio. Mas essa aqui exagerou. A conclusão: sim, as pessoas lêem textos longos na Internet desde que RELEVANTES para elas. Relevância, relevância.
O lead nunca é indispensável
Texto jornalístico tem lead sempre, não importa o assunto, o tipo (hard news, entrevista etc.). Só alguns tipos (os talentosos) de jornalistas conseguem abrir mão do lead sem transformar sua abertura em nariz-de-cera ou lugar-comum.
Modelinho básico aqui no NY Times. O assunto? Homeless, mais lugar-comum impossível.
Wednesday, February 20, 2008
água mole em pedra dura tanto bate...
resiliência
re.si.li.ên.cia
sf (ingl resilience) 1 Ato de retorno de mola; elasticidade. 2 Ato de recuar (arma de fogo); coice. 3 Poder de recuperação. 4 Trabalho necessário para deformar um corpo até seu limite elástico.
O amigo do Chávez
Para quem não conhece, o Jaime Bayly é um jornalista peruano que tem um programa de TV transmitido de Miami para a América Latina. Ele também escreveu alguns livros de ficção e tem coluna em alguns jornais (entre eles a versão em espanhol do Miami Herald, que é um modelo de jornalismo de baixa qualidade feito por equipe reduzida e mal paga).
Ele é polêmico por dois motivos: a cruzada caricata contra a "influência perniciosa de Chávez na região" e o fato de, depois de se casar e ter dois filhos, se apaixonar por um homem, assumir a bissexualidade e se separar para viver a outra relação. Quem convive com a cultura latinoamericana sabe o quanto o tema é complicado.
O programa dele é uma versão latina dos talk shows americanos que inspiraram seus filhotes pelo mundo (um Jô Soares peruano que se leva menos a sério) e ele é muito engraçado, ainda que, às vezes, a quantidade de sarro que ele tira ofusca a qualidade das entrevistas - alguns entrevistados acabam um pouco desperdiçados. Abaixo, alguns vídeos cômicos recentes.
Tuesday, February 19, 2008
Meu dia de "M"
Falando em rir de si mesmo, renovei a carteira de motorista no ano passado, viajei e só fui tê-la em mãos há 15 dias. Surpresa ao detectar que no campo "sex" havia um "M", agendei uma visita ao departamento de trânsito. Foram duas semanas nas quais dirigi munida de passaporte e com discurso pronto para uma eventual abordagem da polícia. O trânsito aqui é péssimo e reúne os piores motoristas dos EUA, de acordo com o senso comum, e o risco de ser parado pela polícia pela mínima infração é grande.
Passadas as duas semanas, chego ao departamento de trânsito.
- Hello. I had received by mail my new driver license, but according with it, I`m a man.
Silêncio.
- Excuse me?
Silêncio.
A senhora olha para o lado e diz para a colega: "She is a man". A colega me olha escandalizada. A outra desata a rir e explica o erro.
- Tough day, the least we can do it`s laugh.
Aham, às minhas custas, no problem eu respondo (e penso comigo, lá se foi minha hora de almoço)
- You know, if you were a man, I would say that they did a god job. Are you married?
- Yes, with a man by the way.
Mais risos das duas.
Sorriso amarelo, decido interromper:
- I would like to be a donater.
Ela vira para o lado e diz: "She wants to be a donater". As duas desatam a rir de novo. Eu faço o meu olhar de "e?"
- You know, I`m wondering what you will donate. That part you don`t have since you are not a man.
Mais risos das duas.
Ok, aí tive que dar o braço a torcer e começar a rir também. Não da piada, que foi bem fraca, mas das duas loucas ganhando o dia às minhas custas.
Não me faça pensar
Quem me conhece sabe que acho o uso de jargão corporativo e termos técnicos até para explicar 5 minutos de atraso em reunião algo folclórico. Creio que é um excelente recurso para não dar informação nenhuma: empilhe várias palavras que ninguém entende nem estão no dicionário e... pronto, você se livrou das perguntas. Mas não dá para negar, jargão e palavra que não existe COLAM na língua. Me assusta como a gente simplesmente usa essas aberrações sonoras e gráficas sem pensar. De qualquer modo, nada é mais engraçado que ouvir esse vocabulário a sério.
Pls, se levar menos a sério é uma gentileza com o mundo que todos nós deveríamos praticar.
Friday, February 15, 2008
Dica do Dilbert
Achei um artigo sobre dicas para quem trabalha com/em equipes virtuais. Quem faz ou fez sabe que não é nem tão fácil nem tão difícil assim. Acho que os 5 pontos abaixo dizem tudo que se precisa saber a respeito.
- Your process is your practice
- Writing skills are an invaluable asset
- Setting boundaries keeps everyone sane
- Personality is a key ingredient
- Getting together is hard to do (but worth it)
O nome do artigo? The Rules of Digital Engagement.
Wednesday, February 6, 2008
Monday, February 4, 2008
Bestseller E blockbuster que vale a pena
Quando "O caçador de pipas" caiu por acidente nas minhas mãos em uma livraria de aeroporto, eu comprei como um presente, mas acabei ficando com o livro. Não conhecia o autor e sequer sabia que era um livro pop. Mas a culpa me prendeu. Comecei a ler e acabei presa pela fraqueza de caráter do personagem narrador e pelo tema central ser a culpa.
Livros que figuram nas listas de mais vendidos não costumam ser os mais dotados de articulação literária, então foi uma surpresa. Narrativa fechada, plot que "pega" e eficiente construção dos personagens, vale a leitura. Como toda ficção tem lá suas passagens inverossímeis. Mas tem um drama bem construído: a fraqueza do narrador e a culpa que o corrói, nunca expressa abertamente em palavras, é palpável. O pai, que enxerga um filho fraco e decepcionante, mas ainda assim abre mão da própria essência para dar uma chance de vida a esse filho, é a paternidade nua e crua, a doação que só um pai consegue fazer. A criança ingênua e ao mesmo tempo perversa se torna um adulto fraco e vulnerável - nem sempre somos o que queremos ser, mas dá para corrigir? A obediência cega e tola e o amor incondicional a quem não pode nos amar corrompem o objeto de adoração. Se por um lado nunca se quis tamanha expectativa, como não se culpar por rejeitar tamanho amor?
Enfim, ainda que o desfecho seja pouco provável (o salto de personagem fraco e covarde a herói é demais), o livro tem lá um recorte da natureza humana e suas fraquezas. Não me prendi nas diferenças culturais entre Ocidente e Oriente, ainda que algumas contribuam para a minha interpretação do livro, mas prefiro sempre achar que pessoas são pessoas em qualquer lugar, independente de outros aspectos. Para quem curte essas reflexões e gosta de pensar a respeito das pessoas, suas ações e os inexplicáveis motivos que as determinam, é lazer na certa.