Saturday, February 23, 2008

Chama a Regina Duarte

Post meio atrasado, mas vai lá: visível o desconforto mútuo de Hillary e Obama no debate de quinta, no Texas. Motivo não falta, as trocas de acusações e suspeitas - dinheiro sujo, cocaína e o escambal começaram em novembro. Alguns jornais comparam a corrida a uma espécie de "Presidential American Idol" (muito americano). Leia-se corrida como um todo, não apenas a Democrata.

Mas a disputa Democrata, por hora, é a mais interessante. Para mim, essa briga é sobre carisma, característica pessoal difícil de desenvolver que, basicamente, funciona assim: ou você nasceu com ou sem. A Hillary é uma bruxa velha, cuja trajetória de vida mostra uma mulher forte e ambiciosa, que não consegue convencer que é movida por motivos mais nobres que o jogo de poder. Milênios nos ensinaram que mulheres assim são bruxas velhas, não tem jeito. Nos homens, aquelas são qualidades, nas mulheres, tornam elas uma "bitch". Depois dos 40, uma bruxa. Nos 60, uma bruxa velha.

Na prática, os dois se diferenciam pouco (como deveria ser, afinal é uma disputa do partido). Leia aqui nota sobre o debate. A diferença é de personalidade. E é evidente que o Obama foi cercado de um comitê de campanha imbatível, que sabe exatamente o que está fazendo: está construindo a vitória do carisma. A defesa da Hillary é a força do conteúdo, a experiência. Na política (e em outras áreas), essas qualidades caem bem nos bastidores. O "PR" ou quem aparece, quem bota "cara" na coisa, precisa é de carisma.

But Clinton cannot pull that curtain back to reveal the impotent wizard because she is campaigning against a man who has somehow gone from nuisance to spirited challenger to a larger-than-life mythic figure in about eight weeks. (...) If the Democratic race has come down to a battle between content and charisma, content has had a very bad month. No one really wants to be the candidate trying to deflate the balloon of hope. (trecho de análise do Toronto Star).

O "balão da esperança". A disputa democrata é apenas uma metade da laranja. Mas essa metade me lembra muito a campanha presidencial do Brasil em 2002. Só falta uma Regina Duarte.

Abaixo um vídeo que mostra bem o espírito "larger-than-life mythic" da campanha do Obama.


Uma coisa eu sei, carisma precisa de um staff muito do bom. Relembrando de novo a campanha de 2002, isso pode dar problema.

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