Semana corrida, entro no elevador apressada, perninha sacodindo, impaciente. Elevador pára, entra um casal de velhinhos, sorridentes. Eu, em um ato totalmente involuntário e típico de quem acha que tudo é para ontem, estico o braço e... apertões ansiosos no botão para fechar a porta.
A porta, obviamente, fecha no seu ritmo. A Velhinha abre um sorriso e, dotada de toda sabedoria que depois de certa idade as pessoas acham que têm o dever de distribuir, faz um comentário, em inglês, perguntando em tom cândido, emoldurada pelos cabelos prateados e olhinhos azuis espertos de vovó que assa cookies, se eu realmente acho que o elevador vai andar mais rápido por causa dos meus apertões.
Eu, que já me dei conta da irreversível grosseria, olho para ela e lembro do meu avô e seu ouvido seletivo, que era surdo só para o que incomodava. Faço cara de paisagem e de quem não entendeu nada. Viva e deixe viver.
Monday, July 30, 2007
Ouvido seletivo
Wednesday, July 18, 2007
Revolta
Choque, tristeza, ansiedade - e incredulidade, como eu não tinha TV por perto realmente acreditei que podia não ser tão sério. Ao ler as notícias da queda do avião, saído da terrinha, não sei o que chocou mais.
Tantas vezes publicamos, editamos e lemos notícias de acidentes aéreos. Choca, mas um acidente na Ucrânica não toca a pele. Um acidente aéreo no Brasil lacera a pele. De um vôo saído de Porto Alegre, estraçalha a pele.
Levar 5 horas para conseguir ler a lista de passageiros tira o ar. Ler sobre Congonhas, a consternação do Lula, as análises de especialistas... revolta. A morte de mais de 200 pessoas é a cereja de um bolo amargo que dura meses, sem solução. Será preciso transformar uma tragédia horrível, inexplicável, que poderia não ter acontecido, em marco para resolver um problema que trata de seguraça pública?
O que indigna mais? O "tudo bem" sobre o caos aéreo que antecedeu o acidente ou a solução forçada por mortes prematuras?
A Dona Maria, assim como eu, não está nem aí se a causa do acidente não tem nada a ver com um sistema áereo falido. O que fica é o choque mediante dois acidentes aéreos de aviões de passageiros em menos de 10 meses.
Basta.
Wednesday, July 11, 2007
Mentira tem perna curta
D-E-T-E-S-T-O gente mentirosa. Não entendo como mentiroso mente com a cara deslavada de quem acha que realmente ninguém nunca vai descobrir sua mentira. Nada tem menos validade que mentira, a verdade S-E-M-P-R-E vem à tona. Então porque não economizar o tempo de todo mundo pulando a parte da mentira? S-A-C-O.
Sunday, July 8, 2007
Hurricanes season
E, falando em itens de sobrevivência, é interessante como o tempo muda em segundos aqui. Não tem variação de temperatura, é sempre o mesmo calor úmido. Mas temporais e tempestades de raios se armam e desarmam em minutos, e o cenário muda de forma drástica.
Aliado ao visual catastrófico para um estrangeiro desavisado, folhetos, anúncios no rádio/TV e circulares do condomínio alertam para a "Hurricane season", sugerindo um kit de sobrevivência que deve ser mantido em casa (lanterna, gerador, comida enlatada, água etc).
Bom, ainda não nos ambientamos o suficiente para levar isso a sério. Os colegas de trabalho já alertaram que deve sim ser levado a sério. Mas água mole em pedra dura...
Santo GPS
Comprei um GPS para o Marido de Natal, meio no modo "não-sei-o-que-dar-de-presente. que-tal-mais-um-gadget-para-o-doido-por-gadgets?". Santa ingenuidade. Mal sabia que, junto com a lanterna e o galão de água, é item de sobrevivência em Miami.
Hoje, pela segunda vez em 8 meses, arrisquei ir para outra cidade sozinha. Não tenho o menor senso de direção, desisti de negar, agora assumo e respiro aliviada na companhia do GPS e um mapa no carro.
Obviamente, isso não me impede de me perder. Duas voltas para conseguir entrar na cidade. Para sair, mais umas três. Mas pelo menos já sei que homeless eu não viro (alerta que o Marido, muito gentil, insistia em fazer quando eu saia sozinha sem celular e sem ter ainda decorado o endereço de onde estávamos).
Couve-de-bruxelas inacreditáveis
A receita é do Super Natural Cooking, da Heidi Swanson, mas eu rebatizei. É muito simples e realmente fica uma delícia, um sabor suave e diferente. Difícil de acreditar, eu sei, afinal é couve-de-bruxelas, você não saliva ao pensar em couve-de bruxelas.
- 24 brotos de couve-de bruxelas (bem pequenos)
- 1 colher de sopa de azeite de oliva + azeite para pingar nos brotos
- Sal marinho e pimenta do reino preta moída na hora
- 1/3 de xícara de queijo ralado na hora (eu usei parmesão)
Cortar os talos dos brotos e lavá-los. Cortá-los ao meio. Essa operação precisa ser bem feita, para ter certeza que você vai eliminar eventuais folhas estragadas e hóspedes indesejados (larvinhas) escondidas nas dobras das folhas.
Pingar uma gota de azeite em cada metade. Aquecer 1 colher de azeite em uma frigideira grande em fogo médio (cuidado para não aquecer demais). Colocar os brotos - lado cortado virado para baixo - na frigideira, salpicar com sal, cobrir e cozinhar por 5 minutos ou até os brotos ficarem macios.
Destapar e cozinhar até o lado plano dos brotos ficar dourado. Salpicar mais um pouco de sal, pimenta e o queijo. Bom apetite!
Rende 4 porções.
Salada de trigo com molho cítrico
- 2 xícaras de trigo (lavado) - como eu não tinha, usei um mix de grãos integrais
- 6 xícaras de água
-2 colheres de chá de sal marinho + a gosto
- 3 punhados generosos de folhas de espinafre (sem talos e bem escorridas)
- 1 xícara de pine nuts tostadas (tostar na frigideira em fogo médio até ficarem douradas - cuidado para não queimar)
- 1/2 xícara de queijo feta esfarelado
Molho cítrico:
- Raspas da casca + suco de 1 laranja
- 1 colher de sopa de suco de limão
- 1 colher de sopa de shallot picada (tipo de cebola/seria chalota em português?)
- 1/2 cup de azeite de oliva extra-virgem
- Sal marinho e pimenta do reino a gosto
Colocar o trigo com a água e o sal em uma panela grande em fogo médio. Após ferver, baixar o fogo, tampar e cozinhar em fogo brando até o trigo abrir (+- 1h). O trigo deve ficar al dente. Escorrer e temperar com sal, se achar necessário.
Misturar o suco e raspas de laranja, o suco de limão e a shallot. Juntar o azeite e temperar com pitadas de sal e pimenta.
Misturar o espinafre no trigo ainda quente, juntar as pine nuts, o molho e salpicar com o queijo feta. Rende 6 porções.
Fonte: Super Natural Cooking (Heidi Swanson)
Olha ela aí de novo...
(...)"and it took us both a long time before we were able to deal with the first order of business: pretending (...) that everything was normal."(...) (Leaving a Doll`s House)
Sunday, July 1, 2007
Pequenas indulgências
Classic Martini
- 60 ml de gin (a good one)
- 6 ml de vermute seco (a good one)
(a proporção é sempre 10 de gin para 1 de vermute)
- 2 azeitonas no palito
Girar na coqueteleira gelada. Servir on the rocks ou puro. Eu prefiro on the rocks, é um drinque muito forte. A quantidade do vermute é o segredo: se alterar a proporção, o drinque vai para a pia.